CB Talks to Maria Kallás

O Cena Berlim conversou com Maria Kallás em maio deste ano, pouco antes de ela deixar a Alemanha. Em Berlim, ela chefiou o setor cultural da Embaixada do Brasil entre 2022 e abril de 2025.

Cultural Production
Other Fields
Written by
Luiza Maldonado, Mateus Furlanetto & Rafaella Rios
in
Portuguese
Published on
Jun 18, 2025

Maria Kallás na 1º Edição do Kunstmosaik, o Sarau das Artes na Embaixada do Brasil em Berlim, em novembro de 2023. © Gabriela Kliemann Dias

Maria Kallás é graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestre em Ciência Política pela Université Paris 8. Diplomata desde 2013, está atualmente à frente dos setores cultural e educacional da Embaixada do Brasil em Buenos Aires.

Cena Berlim (CB) – Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao liderar o setor cultural da Embaixada do Brasil em Berlim?

Maria Kallás (MK) – Liderar o setor cultural da Embaixada do Brasil em Berlim foi um privilégio e uma tarefa que me deu muitas alegrias nestes três anos. Berlim é uma cidade com uma vida cultural fervilhante, a comunidade brasileira residente é cheia de artistas maravilhosos/as e de agitadores culturais, e o Brasil é uma potência cultural. Dito isso, o trabalho no setor cultural da Embaixada envolve muitos desafios. Eu diria que o maior desafio que enfrentei neste período foi a falta de pessoal para atender à enorme demanda reprimida após a pandemia e a mudança política no Brasil. Como vocês sabem, assumi o setor em março de 2022, quando a pandemia ainda impunha limitações às atividades culturais. A partir de 2023, essas limitações se encerraram e a mudança política no Brasil levou a uma reaproximação intensa entre Brasil e Alemanha.  Essa nova conjuntura trouxe para nós uma avalanche de projetos e pedidos de cooperação. Resultado: faltaram pernas para dar conta de tudo — foi um período feliz, mas de trabalho muito intenso.

CB – Como você vê a importância da diplomacia cultural na relação entre o Brasil e a Alemanha?

MK – A Alemanha, terceira maior economia do mundo e principal país da União Europeia, ocupa naturalmente uma posição prioritária na diplomacia brasileira. Isso aumenta a responsabilidade da Embaixada em Berlim em todas as frentes de cooperação e diálogo, inclusive na diplomacia cultural.

CB – Como você avalia a recepção da cultura brasileira pelo público alemão e internacional em Berlim?

MK – Entre os países europeus, a Alemanha não está entre os mais receptivos à cultura brasileira. França, Reino Unido, Portugal e Espanha demonstram maior interesse e identificação. A sociedade francesa, por exemplo, tem uma conexão cultural mais forte com o Brasil do que a alemã, enquanto Portugal compartilha um verdadeiro senso de comunidade. Ainda assim, Berlim se destaca como um polo global de arte e cultura, atraindo muitos artistas brasileiros. A diáspora artística brasileira na Alemanha cresce continuamente, ampliando também nossa presença cultural no país.

Apesar disso, conquistar o público alemão ainda é um desafio. Áreas como literatura e ensino da língua portuguesa exigem grande esforço, já que as literaturas em português são pouco divulgadas na Alemanha e o interesse pela língua ainda é muito restrito.

CB – Houve mudanças significativas nas estratégias culturais da Embaixada ao longo do seu tempo no cargo?

MK – Entrei no setor cultural em março de 2022, ainda durante o governo Bolsonaro. Em janeiro de 2023, houve uma mudança significativa na política brasileira e, com ela, na política externa. Em tese, não se fazem mudanças bruscas na diplomacia, mas o governo anterior foi uma exceção. A transição para o novo governo, por um lado, significou um retorno às diretrizes que tradicionalmente guiaram a política externa brasileira e, por outro, trouxe diretrizes novas para a diplomacia cultural, priorizando diversidade de gênero, igualdade racial, valorização regional e expressões culturais afro-brasileiras e indígenas — uma diferença marcante em relação ao foco anterior nos 200 anos da independência nacional, tema legítimo e natural, mas muito distinto dessas novas prioridades.

Outra mudança relevante foi a oscilação na disponibilidade de recursos. Em 2022 e 2023, houve maior investimento e conseguimos realizar muitas atividades. Já a partir de abril de 2024, com a aplicação de fortes restrições fiscais pelo governo federal, os recursos diminuíram drasticamente — uma realidade que atinge em cheio as atividades do Ministério das Relações Exteriores e que persiste até o momento atual, lamentavelmente.

CB – Há alguma iniciativa ou projeto específico do qual você se orgulha particularmente durante sua gestão?

MK – Sem dúvida, considero o Kunstmosaik – Sarau das Artes na Embaixada, feito em parceria com o Cena Berlim, um dos projetos mais interessantes que realizamos. O sarau transformou a Embaixada em vitrine para artistas brasileiros/as residentes em Berlim, com diversidade de segmentos artísticos e apresentações múltiplas por noite, sempre pautadas por critérios de diversidade de gênero e étnico-racial. Foi uma iniciativa ousada, difícil imaginar outra embaixada no mundo com algo semelhante. Trabalhar em parceria com a diáspora artística brasileira auto-organizada — este último aspecto sendo de extrema importância — foi especialmente valioso. Quando a comunidade já está articulada, o trabalho da Embaixada se potencializa em todos os sentidos.

Destaco também nossa atuação na Berlinale. Apoiamos praticamente todos os projetos que solicitaram ajuda, oferecendo auxílio financeiro a, pelo menos, um representante por filme. Também garantimos apoio aos/às participantes do Berlinale Talents. Além disso, há o suporte contínuo ao CineBrasil, que este ano completa 20 anos e é a única mostra dedicada exclusivamente ao cinema brasileiro realizada de forma regular na Alemanha.

Houve uma grande variedade de iniciativas: da publicação da antologia de textos de Nelson Rodrigues traduzida ao alemão à edição especial de uma revista de música clássica dedicada ao Brasil; apoio à tradução de monografias acadêmicas sobre os 200 anos da imigração alemã no Brasil e uma exposição sobre o mesmo tema no ano do bicentenário. Tivemos ainda leituras dramáticas, recitais de poesia, sessões de cinema, inúmeros concertos (inclusive de orquestras, como a Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás e a Orquestra Maré do Amanhã), exposições históricas, de arte contemporânea, de arte digital...  Especial menção vai para a Degenerado Tibira, que reuniu trabalhos de 19 artistas LGBTQIA+ do Norte e Nordeste do Brasil, com um recorte totalmente decolonial.

3º Edição do Kunstmosaik, o Sarau das Artes na Embaixada do Brasil em Berlim, em março de 2024. © Randolfe Camarotto

"Berlim se destaca como um polo global de arte e cultura, atraindo muitos artistas brasileiros. A diáspora artística brasileira na Alemanha cresce continuamente, ampliando também nossa presença cultural no país."

CB – Quais seriam  os aprendizados mais valiosos que você leva dessa experiência em Berlim?

MK – Berlim foi meu primeiro posto no exterior, então tudo foi aprendizado. No exterior, aprendemos de fato a ser diplomatas (em Brasília, muitas vezes nos sentimos mais burocratas...). Compreendi, por exemplo, a importância dos contatos locais — são eles que viabilizam ações e projetos, inclusive com a comunidade brasileira.
Foi também minha primeira experiência como chefe, o que trouxe aprendizados importantes sobre liderança e trabalho em equipe.

Na área cultural, Berlim é um caso particular, com muitos/as artistas brasileiros/as já residentes. Isso gera expectativas em relação à Embaixada e exige equilíbrio entre apoiar artistas locais e trazer nomes do Brasil, entre consolidados e emergentes. Gerir essas expectativas e recursos foi um dos grandes aprendizados.

CB – Que conselhos você daria para quem vai assumir o seu posto?

MK – Cultive contatos estratégicos, tanto na comunidade brasileira quanto na alemã, e mantenha uma comunicação fluida com o Itamaraty — essencial para garantir visibilidade e recursos num contexto de orçamento limitado para mais de 150 postos no exterior.

E aprenda a dizer não. É preciso selecionar projetos com real qualidade e alinhamento com a diplomacia cultural. A Embaixada não é uma produtora de eventos, apesar de espaço extremamente atrativo. Produzir eventos em série não é diplomacia — nosso papel é estratégico: pensar política cultural externa com visão diplomática. O ideal é realizar menos eventos na Embaixada e ampliar parcerias, apoiando iniciativas externas e fortalecendo a presença cultural brasileira na Alemanha com ações bem direcionadas.

CB – Quais parcerias com instituições locais foram mais frutíferas ou promissoras?

MK – Entre as instituições locais, a Berlinale é uma parceria central. O Instituto Ibero-Americano também é um aliado importante — com eles realizamos o catálogo da exposição dos 200 anos da imigração alemã no Brasil. A Haus der Kulturen der Welt tem no Brasil um foco importante, o que nos alegra muitíssimo.

As parcerias com universidades são essenciais para a difusão da língua portuguesa e da cultura brasileira. Temos cerca de 50 leitorados no mundo — docentes brasileiros/as selecionados/as para lecionar língua e cultura brasileira em universidades estrangeiras. Na Alemanha, há apenas uma leitora, na Universidade de Heidelberg. Por mais que ela faca um trabalho excelente, um país como o Brasil ter um único posto de leitorado em um país como a Alemanha é insuficiente. Seria muito importante ampliar esse número, cobrir outras regiões do país e, claro, ter um leitorado em Berlim.

Não posso deixar de mencionar a JazzRadio Berlin, que mantém um programa semanal de música brasileira aos sábados, com o apoio da Embaixada, e que apoia a divulgação dos nossos projetos culturais. O Instituto Kino Arsenal é um parceiro importante, com muitos filmes brasileiros em seu acervo e interesse em mostrá-los.

A Alemanha tem uma forte cultura associativista, e colaboramos com diversas associações interessadas na cultura brasileira. Destaco a Deutsch-Brasilianische Gesellschaft, com quem fazemos muitas coisas. A Neue Nationalgalerie apresenta entre maio e dezembro de 2025 uma grande exposição da artista Lygia Clark. Mantemos diálogo com o Ministério da Cultura alemão e, recentemente, estabelecemos contato com o Schwules Museum, por conta da exposição Degenerado Tibira. Em breve, faremos uma reunião com o museu para discutir novas possibilidades de cooperação, incluindo a doação de obras.

Entre os nossos preciosos parceiros locais brasileiros, não posso deixar de mencionar A Livraria Mondolibro, a Bossa FM, o Cena Berlim, a associação Mala de Herança (que está presente em várias cidades e ensina português a crianças da diáspora brasileira e lusófona), entre vários outros. Certamente estou esquecendo de alguém importante!

CB – Você acredita que a presença cultural brasileira na Alemanha está crescendo? Em que áreas isso é mais evidente?

MK – Atualmente, o cinema brasileiro tem se destacado, especialmente após o sucesso de Ainda Estou Aqui e o Urso de Prata para O Último Azul na Berlinale. Só este ano, recebi sete pedidos de apoio de cineastas com filmes em festivais pela Alemanha, mas, após apoiarmos todos os filmes da Berlinale, infelizmente não houve recursos para os demais.

A música continua sendo nosso maior soft power — é a linguagem mais acessível e presente. Há uma crescente participação de artistas brasileiros/as em concertos por aqui (Berlim). Outras linguagens artísticas ainda enfrentam mais obstáculos, embora haja um interesse crescente por residências e cooperações com artistas brasileiros/as.

Vale lembrar que o contexto político brasileiro também afeta diretamente nossa imagem no exterior. Já estivemos mais em evidência, como em 2006, com a Copa da Cultura (brasileira) na Alemanha, durante o auge da popularidade do país no mundo. De toda forma, se quisermos elevar o perfil de nossa presença cultural na Alemanha, necessitamos investir muito mais recursos do que fazemos atualmente. A difusão cultural pode acontecer espontaneamente em alguma medida, mas ela é também resultado de uma política pública, ela é dirigida.

CB – Em sua opinião, quais aspectos da cultura brasileira mais despertam interesse ou curiosidade na Alemanha?

MK – Música é o grande destaque, seguida pelo cinema. A literatura e a língua portuguesa ainda são muito pouco difundidas, e há espaço para uma política mais robusta nesse campo.  

CB – Como foi o processo de adaptação ao contexto cultural alemão no início da sua missão?

MK – Bom, primeiro você tem que perder o medo do alemão — decidir entre se arriscar no alemão ou seguir no inglês. No meu caso, insisti na língua local, o que tornou tudo mais difícil. A barreira linguística é real, assim como as diferenças culturais. A diplomacia alemã, por exemplo, é muito distinta da brasileira. Quando cheguei, o Brasil estava distante do foco político e cultural da Alemanha, tanto pela guerra na Ucrânia quanto pela falta de empatia do governo alemão com o então governo brasileiro.

Isso começou a mudar em 2023, com um ambiente mais aberto, embora o Brasil ainda não seja prioridade. A adaptação exigiu insistência — falar com quem não estava interessado. O caminho foi encontrar nichos de afinidade: pessoas e instituições que, apesar do cenário, são genuinamente dedicadas ao Brasil. Há aliados valiosos na sociedade civil, no Ministério da Cultura alemão, em museus como a Neue Nationalgalerie — que apresenta uma grande exposição da Lygia Clark, como eu já disse, com uma curadora que fala português e tem forte ligação com o Brasil. São essas conexões que tornam o trabalho possível e significativo.

Rafaella Rios, Luiza Maldonado, Maria Kallás e Mateus Furlanetto para esta entrevista, em maio de 2025.

CB – Sabemos que você fala alemão e que você aprendeu no Brasil ainda; você acredita que o fato de você falar alemão nesse contexto do setor cultural ajudou na adaptação? Uma pessoa que não fala um bom alemão vai ter mais dificuldade?

MK – Isso vale para qualquer país: falar a língua local faz toda a diferença. Muitos/as colegas atuam apenas em inglês e conseguem se virar, mas compreender o idioma local permite uma imersão real na sociedade — algo essencial para o nosso trabalho. Facilita o contato com interlocutores, aprofunda a compreensão do contexto e gera mais empatia.

CB – Você tem algum conselho para os artistas brasileiros que se mudam para a Alemanha em busca de oportunidades para desenvolver seu trabalho artístico?

MK – Tenho certa preocupação com artistas brasileiros/as que ainda pensam em vir para Berlim, pois estamos em um momento de transição. A cidade, que por décadas foi sinônimo de liberdade de expressão e fomento cultural, já começa a mostrar sinais de mudança — com censura a temas sensíveis e cortes significativos no orçamento das instituições culturais.

Além disso, Berlim deixou de ser uma cidade acessível financeiramente, o que torna a vida mais difícil para os/as recém-chegados/as. Ainda deve continuar entre os países com mais fundos disponíveis para cultura, o que é um ponto positivo, mas não basta. Para acessar esses recursos, é fundamental falar alemão, construir redes de apoio e buscar integração. Chegar sem dominar a língua e sem vínculos locais torna quase impossível participar de editais e acessar oportunidades.

Evidentemente, a todos e todas eu recomendaria: entre no Cena Berlim! (risos)

CB – Como foi o diálogo com artistas e coletivos brasileiros residentes na Alemanha?

MK – Sou muito grata por esse contato, que foi um dos pontos altos da minha estadia aqui: conhecer artistas e coletivos brasileiros em Berlim. Trata-se de uma comunidade jovem, qualificada, dinâmica e progressista. Foi especialmente enriquecedor transitar entre diferentes gerações — de artistas que estão aqui há 30 anos aos que chegaram há cinco. Cada grupo tem expectativas distintas em relação à Embaixada, e entender essas nuances foi uma experiência valiosa.

CB – E de que forma a Embaixada buscou apoiar a presença dos artistas emergentes brasileiros na Alemanha?

MK – A Embaixada oferece diferentes formas de apoio, dentro de suas possibilidades — desde auxílio financeiro, por meio da seleção de projetos em fluxo contínuo, até a cessão do espaço, que é bem equipado e muito bom para eventos culturais. Também damos apoio institucional com frequência, endossando projetos e artistas, oferecendo referências, contatos e orientações. Esse suporte informal, embora menos visível, é uma parte essencial do nosso trabalho.

CB – Qual foi a importância das redes de colaboração com outras embaixadas, institutos culturais e organizações locais?

MK – A diplomacia cultural não se resume a divulgar expressões brasileiras no exterior — o mais importante é fomentar a cooperação. É dela que surgem novas sínteses culturais. Um exemplo marcante é o prêmio de melhor interpretação de uma música brasileira no Jazzfest Neukölln, em que jovens musicistas alemães tocam e cantam em português, com a banda vencedora se apresentando depois na Embaixada. É simbólico: não apenas mostramos nossa cultura, mas a fazemos ser vivida pelas pessoas daqui.

Também promovemos cooperação com as embaixadas dos países lusófonos, celebrando o 05 de maio, Dia Mundial da Língua Portuguesa. Além disso, neste último período realizamos eventos culturais em parceria com as embaixadas latino-americanas e árabes, com apresentações culturais intercaladas e comida de todos os países. Essas foram iniciativas pensadas para destacar o Brasil como liderança do Sul Global e promover a integração entre nossos países.

CB – Você acredita que a arte pode influenciar a política internacional?

MK – Quero acreditar que sim — que filmes como No Other Land, premiado na Berlinale e no Oscar, possam ter impacto sobre a situação no Oriente Médio. A arte é uma ferramenta para tocar e sensibilizar as pessoas por caminhos outros que não o convencimento racional. Tem um lugar fundamental na transformação de mentalidades. No caso da diplomacia cultural brasileira, acho que ela tem o potencial de reforçar no mundo valores como o antirracismo, a importância da diversidade, a força transformadora da alegria e, nesse sentido, contrapor-se a visões de mundo eurocêntricas, autoritárias, etc. Isso é muita coisa!

CB – Eu imagino que você está com um sentimento de dever cumprido, por muitos motivos, porque você atingiu muitas coisas aqui. Teve algum objetivo com o qual você veio, mas que você não realizou nesses três anos aqui?

MK – Com o tempo, fui entendendo melhor os desafios, já que nunca havia trabalhado com cultura antes. Um ponto central é a necessidade de um centro cultural brasileiro na Alemanha, separado da Embaixada, com autonomia. A cultura é nosso maior soft power e merece um espaço próprio de projeção.

Como já disse antes, também é fundamental ampliar os leitorados, já que atualmente há apenas uma, em Heidelberg. Precisamos ter ao menos mais dois, em universidades como a Freie Universität Berlin ou a Universidade Humboldt.

Um avanço foi a ampliação dos locais de aplicação do exame CELPE-Bras (Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros), que antes era aplicado apenas pela Universidade de Jena. Agora também pode ser feito na Universidade de Heidelberg e na Freie Universität Berlin. Ainda temos muito a avançar na difusão da língua portuguesa na Alemanha, que hoje é muito limitada. Com uma política mais robusta e mais recursos, o interesse certamente cresceria.

Do que ficou pendente, lamento não ter conseguido realizar uma exposição coletiva de artistas visuais brasileiros/as residentes em Berlim — a última foi em 2016. Também não conseguimos implementar oficinas de capacitação para artistas acessarem editais alemães, o que seria estratégico para ampliar nossa presença cultural.

CB – Agora que está encerrando esse ciclo, quais são seus próximos planos ou projetos dentro da diplomacia cultural?

MK – Assumirei o setor cultural e educacional da Embaixada do Brasil em Buenos Aires e estou muito feliz por continuar trabalhando com cultura após a experiência em Berlim. Desta vez será diferente, pois há um Centro Cultural estruturado, com relativa autonomia, diretora própria, professores/as de português, etc — será uma oportunidade rica de aprendizado.

No futuro, tenho interesse em atuar com diplomacia cultural em Brasília, na sede do Ministério das Relações Exteriores. Seria uma experiência incrível poder contribuir na formulação da nossa política externa cultural. Mas, como diplomatas brasileiros/as são generalistas, não há garantia de seguir nessa área. Vamos torcer para dar certo!

No items found.